BILHETE POSTAL
Por Eduardo Costa
Horários mais longos, reformas mais tardias. É assim que os analistas veem a vida dos jovens de hoje em idade adulta perante a crescente crise demográfica.
Este cenário negro para o futuro dos jovens de hoje pode ser invertido, sustentam especialistas.
O recurso à imigração é a solução imediata. A única que está à mão. Contudo, vai-se percebendo que os imigrantes são usados para objetivos políticos eleitorais. Uns a procurar obter vantagem do receio de instabilidade com uma forte imigração e outros a valorizar as vantagens e a necessidade. Um fenómeno que em Portugal não é sequer tão acentuado como em países europeus mais desenvolvidos.
Portugal fica para trás na preferência de mão de obra imigrante. Em comparação com a maioria dos países europeus, incluindo Espanha.
Temos uma outra realidade preocupante: somos um país com forte emigração de força de trabalho jovem. Cerca de metade dos jovens licenciados afirma pretender sair do país. O que significa que cresce a necessidade de estrangeiros.
Temos contudo uma vantagem nesta generalizada captação de imigrantes como força de trabalho: os cidadãos que falam português são em grande número, sobretudo os 210 milhões de brasileiros. Estes representam cerca de 30% dos imigrantes residentes e está a aumentar. A língua e a cultura comuns estão a ajudar.
“Sem os brasileiros não tinha negócio”, dizia-me há dias um empresário da restauração. Temos esta vantagem.
Aceitar imigrantes já não é uma opção, é uma necessidade.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional
(Esta crónica é publicada em cerca de 50 jornais)